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Plástica invisível

By 5 de novembro de 2012Nenhum comentário

Novas técnicas de lifting rejuvenescem o rosto, mantendo aspecto mais natural

NO ALTO a cirurgiã Natale Gontijo opera a face de uma paciente. Ela diz que o lifting deixa o rosto com o aspecto jovem e natural sem parecer que a pele foi puxada. No detalhe, a incisão segue o contorno da orelha e deixa a cicatriz quase invisível
O PREENCHIMENTO com ácido pode ser tratamento complementar ao lifting
Lasers que prometem um rosto jovem, preenchimentos que garantem acabar de vez com as marcas de expressão e até clínicas dermatológicas que oferecem cirurgia de pálpebras. Cuidado, os resultados podem deixar a desejar e, pior, exigirem outros tratamentos complicados. O alerta vale principalmente se o objetivo for rejuvenescer a face. Depois de anos de exposição solar, estresse e efeito da gravidade, o que realmente recupera a elasticidade e acaba com a flacidez da pele do rosto e do pescoço é a plástica de lifting. A técnica até se modernizou para concorrer com os tratamentos das clínicas de estética e tem a vantagem de proporcionar um efeito duradouro.

Se a ideia é ter um tratamento completo, só os procedimentos dermatológicos e estéticos talvez não resolvam tudo, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Apenas o lifting de face — técnica cirúrgica — proporciona o rejuvenescimento total, eliminando a flacidez.
— Em casos complexos, uma face com flacidez, cheia de rugas e vincos acentuados em diversas partes, a melhor opção continua sendo operar — afirma o cirurgião plástico Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da SBCP.
Natale Ferreira Gontijo de Amorim, pesquisadora-chefe da Clínica Ivo Pitanguy, faz a mesma advertência, lembrando ainda que dermatologistas não têm a mesma formação de um cirurgião plástico.
— O laser, por exemplo, apenas melhora a qualidade da pele e, portanto, é um método complementar, não substituindo o lifting de face. O aparelho não acaba com a flacidez em grau moderado ou grave — acrescenta a cirurgiã.
Paulo Roberto Leal, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutora do Instituto Nacional de Câncer (Inca), vai além, afirmando que cirurgias delicadas, como a de pálpebras, devem ser executadas somente por quem tem um longo treinamento de cirurgião, pois suas sequelas poderão ser graves. E comenta que lasers e outros recursos não cirúrgicos só funcionam bem em mãos experientes.
— Não raro recebo pacientes que sofreram sérios danos ao se submeterem a tratamentos estéticos com profissionais não qualificados, e às vezes esses problemas são irreversíveis — conta Leal.
Pele com aspecto mais natural
Se a única solução para ter novamente um rosto com a aparência jovem for encarar o bisturi, também é preciso saber em detalhes os prós e contras. Os cuidados no pós-operatório são muitos, com uma série de restrições para não botar tudo a perder. No lifting os médicos aproveitam para tratar a musculatura superficial da face e do pescoço, reposicionando a gordura das bochechas, quando caídas, e aspiram a gordura sob o queixo (a papada), se necessário.
— O objetivo é deixar a pele jovem com aspecto natural, sem parecer que foi puxada. Quanto maior a flacidez, mais extensa será a cirurgia, exigindo mais cortes — explica Natale. — Se a pessoa tiver excesso de pele e bolsas de gorduras nas pálpebras, essas queixas são tratadas durante o lifting ou em outra cirurgia. Isso vale também se quiser corrigir a queda da ponta do nariz.
Para o resultado ficar bem natural, as incisões hoje acompanham os contornos da orelha; assim ficam escondidas, podendo ser estendidas para dentro do cabelo. Um outro avanço na técnica é recolocar no lugar as bolsas malares que formam as maçãs do rosto.
— Com a idade, nossa face vai ficando com um desenho retangular e alongado. Depois do lifting é visível a face mais cheia na região da maçã e fina embaixo. Além de recuperarmos o contorno da juventude, suavizamos os sulcos ao redor da boca — explica Natale.
Pálpebras no lugar certo
Também Paulo Leal afirma que a recuperação das maçãs do rosto é uma das vantagens do lifting em relação às técnicas não cirúrgicas. Para fazer isso, os cirurgiões podem enxertar gordura retirada da barriga do próprio paciente. E ele acrescenta que a correção das pálpebras é, no mínimo, metade do sucesso da operação:
— Hoje no lifting há tendência a fazer incisões menores, principalmente nos pacientes mais jovens.
Um outra novidade no lifting, mas que não chega a encantar a todos os cirurgiões, é a videoendoscopia, um método que facilita a visualização dos músculos da face. A técnica tem a sua melhor indicação na plástica da fronte, especificamente a área da testa e das sobrancelhas, que afrouxam com a idade. Com a videoendoscopia eleva-se essa parte do rosto sem deixar grandes cicatrizes no couro cabeludo, e ela ajuda a atenuar algumas expressões faciais.
— A videoendoscopia proporciona um efeito semelhante ao da aplicação da toxina botulínica, mas nem todos os cirurgiões gostam de usá-la — afirma Leal.
Já Natale acha que a videoendoscopia para fazer o rejuvenescimento facial só vale para as alterações muito visíveis na testa, e ela prefere indicar as aplicações de toxina botulínica.
O lifting proporciona um resultado definitivo por cinco a dez anos, em média, mas o envelhecimento natural continua, lembram os cirurgiões. Então o efeito dependerá muito de hábitos, especialmente no que diz respeito aos cuidados com a sua pele.
— Dependendo da avaliação, em situações mais complexas, uma nova intervenção após o primeiro ano complementa a primeira operação — diz Sebastião Guerra.
E Paulo Leal lembra que as pessoas não são iguais, reagindo de forma diferente ao lifting.
— Há quem perca mais precocemente os efeitos do lifting. Até fatores emocionais influenciam.
Para melhores resultados
AINDA NO HOSPITAL: A cirurgia de lifting dura de duas a três horas, ou um pouco mais, podendo ser feita com aplicação de anestesia geral ou local com sedação. A pessoa fica internada por até 48 horas e recebe alta com o rosto sem curativo. Pode sentir leve desconforto devido ao edema ou inchaço (alguns pacientes incham mais do que outros) no local operado, porém dor forte não é uma queixa comum.
EM CASA: Além de evitar a exposição ao sol forte (é imprescindível o uso de protetor/filtro) e não fazer esforços físicos vigorosos (como praticar ginástica) por pelo menos 40 dias, recomenda-se drenagem linfática. As sessões começam geralmente 15 dias após a cirurgia e o número dependerá de cada caso, de acordo com o grau de edema, que costuma diminuir a partir do terceiro dia. Os pontos começam a ser retirados entre seis e 12 dias depois, explica Sebastião Guerra, acrescentando que os primeiros resultados são mais bem avaliados após o décimo dia. Ele recomenda só lavar (com muito cuidado) os cabelos entre o segundo e o sétimo dia depois da operação, secando bem a área das orelhas e evitando a escovação. Produtos como tinturas só poderão ser usados após a terceira semana. Médicos dizem que qualquer maquiagem deve ser evitada por pelo menos dez dias. Paulo Leal comenta que o efeito final varia conforme a extensão da operação. Porém, considera-se que o resultado de um lifting não está completo antes de um ano.
NADA DE CIGARRO: Fumantes podem ter resultados piores. Isso porque o tabagismo prejudica muito o fluxo de sangue e dificulta a cicatrização dos tecidos. Quanto mais bem cuidada a pele, melhor o efeito e mais duradouro o lifting. Pele desidratada com muitas rugas finas e manchas compromete o efeito. Nesses casos, o ideal é tratar o tecido previamente com dermatologista, principalmente no que diz respeito à hidratação, que ajuda a aumentar a elasticidade e tônus da pele.
SONO E SEXO: Para dormir bem, os cirurgiões afirmam que a melhor posição é de barriga pra cima. Deitar-se de lado pode deixar uma parte do corpo mais inchada do que outra. E cuidado com as gargalhadas e o excesso de conversas nos primeiros dias, porque isso contribui para aumentar um pouco o inchaço e pode causar sangramento. Deve-se evitar as relações sexuais por cerca de duas semanas, pelo mesmo motivo.
PELE MAIS SAUDÁVEL: Preenchimentos com ácido hialurônico e a aplicação de toxina botulínica podem ser realizados duas semanas após a cirurgia, quando a pessoa começa a desinchar, diz Natale Gontijo. São considerados tratamentos complementares para conseguir um resultado ainda melhor do lifting, se necessário.