Por Francesco Mazzarone
Em quase 30 anos acompanhando a formação de novos cirurgiões plásticos, consigo perceber algumas regras básicas para que esta formação seja mais adequada. Em primeiro lugar, observar a experiência de quem estiver na preceptoria. Respeitar não só a ancianidade, mas também o conhecimento adquirido com a vivência.
Em seguida, respeitar o ambiente de trabalho e, sobretudo, os pacientes. Durante a formação, provavelmente haverá alguma divergência em relação às rotinas e condutas que naturalmente tenham sido adquiridas nos serviços de origem. Porém, lembrar que observar e seguir a conduta de onde está ocorrendo a formação é muito importante, afinal de contas este será seu “porto seguro”, pois somente desta forma em situações adversas ou de conflito qualquer colega poderá auxiliar a resolver o problema.
Deve-se aproveitar o máximo possível nas aulas teóricas, principalmente, observando todo e qualquer detalhe que possa vir auxiliar durante o treinamento prático.
Outro detalhe importante é de não se ter pressa, de querer operar logo, uma vez que a observação das dificuldades dos colegas veteranos irá auxiliar o aprendizado da prática cirurgia.
Também deve lembrar-se de ser humilde o suficiente para reconhecer seus próprios erros e aceitar ajuda sem se fazer de arrogante, afinal, o que está em jogo é o bem estar do paciente. Não é raro que, por medo ou vergonha, alguns jovens tentem esconder seu insucesso, porém, aqui se deve deixar a vaidade de lado e respeitar o bem estar do paciente.
Quando existe um grupo de médicos muito heterogêneo, existe uma maior diversidade de relacionamento, e desse modo, a inter-relação deve sim ser aprimorada mais rápido possível, de modo a poder se conviver com tranquilidade e harmonia.
Por fim, saber reconhecer as próprias limitações e manter cordialidade entre os colegas respeitando a hierarquia.
Fonte: Revista Plastiko’s, ed. 215 – Abr/Mai/Jun 2018
Francesco Mazzarone
Mestre em Avaliação pela Fundação Cesgranrio. Pós-Graduação em Cirurgia Plástica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1988) sob Orientação do Prof. Ivo Pitanguy, Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Atualmente é presidente do Instituto Ivo Pitanguy e coordenador do curso de pós-graduação em cirurgia plástica da PUC-RJ. Membro da banca examinadora do Instituto Ivo Pitanguy, membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, membro efetivo da Associação dos Ex Alunos do Prof. Ivo Pitanguy (AExPI), membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro titular da Federação Ibero Latino-americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutora e cirurgião plástico do Instituto Ivo Pitanguy.