A preocupação com o uso eficiente da energia elétrica toma conta não apenas de ambientes residenciais, mas também de locais onde atuam profissionais da saúde, como consultórios médicos, clínicas e hospitais.

Por ALEXANDRE MOANA

Também pudera: em um mundo cada vez mais “verde”, a adoção de medidas sustentáveis e de menor impacto ao meio ambiente são, na medida do possível, uma tendência. Partindo do princípio de que todo espaço tem potencial de economia de energia, o conceito de eficiência energética pode ser pensado e aplicado a qualquer lugar: uma clínica, uma sala comercial ou até construções maiores, como edifícios e hospitais.

No entanto, como ser mais eficiente nesses ambientes de saúde? Projetar o local com uma janela mais ampla para aproveitar melhor a incidência de luz solar, por exemplo? Sim. Mas as ações podem ir muito além.

Normalmente, em um prédio comercial ou uma clínica, há predominância de sistemas de iluminação e de climatização, aos quais é necessária atenção. Sabe-se que esses dois sistemas exigem bastante energia e que, consequentemente, são dois aspectos que devem ser pensados para se tornarem eficientes, visando ao melhor aproveitamento do consumo e, consequentemente, redução nos custos.

A troca de uma lâmpada mais antiga (as incandescentes, responsáveis por gerar mais calor do que iluminação) por uma lâmpada mais eficiente, como a de LED, permite uma boa economia de energia. Já em relação ao sistema de climatização e sua utilização adequada, o dimensionamento do sistema de refrigeração é primordial. Ao fazer a aquisição de um equipamento, é preciso verificar se ele atende as reais necessidades do local. Não adianta comprar um dispositivo superestimado ou subestimado em relação à potência. Para se ter uma ideia, a instalação de um aparelho com tamanho diferente do ideal pode gerar mais de 30% de desperdício de energia naquele espaço.

“Se houver uma fresta aberta no ambiente climatizado, pode ser desperdiçada cerca de 20% de energia utilizada pelo ar-condicionado”

Outro fator a ser observado é a utilização. O ideal é ligar o ar-condicionado uma hora depois do início do expediente comercial. Por exemplo, se a jornada médica começa às 8h, seria interessante ligar o sistema de ar a partir das 9h. Também dá para desligar uma hora antes do atendimento, em virtude da desocupação do ambiente, uma vez que ele continua climatizado.

Outros detalhes que passam despercebidos também influenciam. Por exemplo, se houver uma fresta aberta no ambiente climatizado, pode ser desperdiçada cerca de 20% de energia utilizada pelo ar-condicionado. Ou ainda: se a clínica de saúde for construída com uma parede mais fina do que deveria e os raios solares estiverem incidindo diretamente nela, o gasto desnecessário de energia pode superar os 40%.

Por isso, ao implantar um sistema de ar-condicionado, o ideal é procurar uma Empresa de Serviços de Energia (Esco), para que faça as devidas orientações para esse tipo de projeto. Evite também compras por impulso, motivadas exclusivamente por preços, e instalações feitas de maneira inadequada. Lembre-se: todos esses detalhes podem contribuir para que um ambiente de saúde seja mais eficiente sob o ponto de vista de uso energético.

E qual a diferença de potencial de eficiência energética entre clínicas e hospitais? Em um hospital, que nada mais é do que – a grosso modo – um conjunto de clínicas médicas, você tem um ambiente que requer uma determinada tipologia de equipamentos, iluminação e refrigeração. Quer dizer, cada ambiente ou cada setor do hospital tem uma necessidade específica, seja em termos de iluminação, climatização e acomodação de equipamentos específicos para aquela finalidade.

Já a clínica médica é um ambiente onde, normalmente, há uma área de recepção, com a necessidade de uma quantidade de luz fundamental para manter o local agradável e também uma quantia de ar refrigerado para que as pessoas possam ter um conforto mínimo. Em comparação a um hospital, esse espaço não requer muitos ambientes ou equipamentos, a não ser que a clínica possua um ambiente cirúrgico.

Com tudo isso, fica novamente a lição para o setor da saúde. Em geral, é fundamental caminhar mais rapidamente em direção à eficiência energética. Trata-se de uma atividade que busca proporcionar meios para se produzir mais com a menor quantidade de energia. E a sua clínica? Já é eficiente?

 

Alexandre Moana
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA (ABESCO)

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