Cirurgiões plásticos falam sobre a participação da SBCP na construção da credibilidade do país no cenário internacional

Por Leila Vieira

No início do século 19, o estudo da cirurgia plástica brasileira nasceu de duas grandes escolas: a anatômica e a cirúrgica. A primeira foi fundada no Brasil em 1808. Esses núcleos foram fundamentais para disseminar pesquisas científicas, técnicas e práticas clínicas entre os médicos. A partir da criação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 1948, houve um estímulo para a ampliação da área. A sistematização de critérios de conhecimentos específicos deu início ao desenvolvimento da cirurgia plástica nacional.

A essência da cirurgia plástica desponta da reparação de traumas ou reconstrução de defeitos congênitos. O coordenador da Comissão de Museu e História e membro titular da SBCP, Dr. Fernando Gomes de Andrade, avalia que esse cenário promoveu, inclusive, o aperfeiçoamento dos métodos de algumas especialidades médicas. “A base da cirurgia plástica é a cirurgia do trauma, cirurgia geral e, posteriormente, a cirurgia oncológica. Todas essas especialidades criam condições para que a cirurgia plástica tenha tal dinamicidade. Ela não é uma especialidade fragmentária. A cirurgia estética é uma convergência desse processo.”

Nos últimos anos, a SBCP Nacional tem incentivado o debate sobre a importância da cirurgia de reparação. Os esforços podem ser identificados, principalmente, nos processos de formação dos novos cirurgiões plásticos. Atualmente, cada vez mais profissionais qualificados em reconstrução podem ser encontrados nos hospitais.

O movimento fortalece a especialidade. Essa valorização do cirurgião reparador reflete no mercado de trabalho e entre a sociedade, que consegue atendimento eficiente e competente em uma demanda antes reprimida. O Brasil é hoje uma potência mundial em cirurgia plástica pelo alto nível das técnicas realizadas. Antes de chegar ao status atual, inúmeros cirurgiões brasileiros desenvolveram estratégias para fomentar esses procedimentos cirúrgicos — nomes como Rebelo Neto e Antônio Prudente foram pioneiros nos estudos da cirurgia plástica brasileira. Também se destacam Victor Spina, Ricardo Baroudi e Ivo Pitanguy, considerados os consolidadores do País como eferência internacional em cirurgias plásticas.

Cirurgião plástico, historiador, grande contribuidor da área literária e um dos idealizadores do Museu da Cirurgia Plástica ao lado do Dr. Fernando Andrade e outros dois médicos, Dr. Moisés Wolfenson identifica que a excelência dos procedimentos cirúrgicos realizados pelos cirurgiões brasileiros é um dos fatores que levaram o País a ocupar essa posição. “O nível de exigência é alto. Eu diria que, mesmo sendo uma cirurgia reparadora, ela é executada com refinamentos estéticos. A SBCP tem quase uma centena de serviços credenciados pelo MEC na formação dos nossos cirurgiões plásticos em todo o Brasil, tendo a cirurgia reparadora como prioridade.”

Outra preocupação é sobre as futuras gerações. O País continua formando cirurgiões bem preparados para lidar com as principais intercorrências cirúrgicas, e o compromisso é garantir a qualidade dos profissionais brasileiros. “O grande desafio é criar condições para que os cirurgiões plásticos formados pelos diversos serviços do Brasil inteiro tenham qualidade uníssona ou igual”, ressalta o Dr. Fernando Gomes de Andrade.

Outra linha foca a atuação social da entidade. A prestação de serviços para a população vem intensificando a troca de experiências entre os cirurgiões nos âmbitos nacional e internacional. Com esse trabalho, os médicos têm a oportunidade de conviver com outras realidades e acrescentar sapiência ao seu repertório de atendimento. “A SBCP sempre esteve à frente de seu tempo, seja como referência social, indicando os nomes capacitados na especialidade, seja realizando mutirões de cirurgias plásticas em quase todo o Brasil. Em vários países, como Colômbia e Vietnã, cirurgiões brasileiros realizam missões humanitárias”, afirma Dr. Wolfenson.

Com toda a evolução e crescimento da cirurgia plástica, a sociedade brasileira apresenta um papel de destaque quando se trata da defesa da especialidade médica. O tema reforça a importância da preservação da segurança cirúrgica e da proteção à vida. Um dos principais passos para conseguir alcançar resultados positivos nessa área é reconhecer a complexidade das atividades que envolvem procedimentos cirúrgicos, para evitar que profissionais não capacitados exerçam uma função médica. A SBCP congrega mais de seis mil cirurgiões plásticos em todos os estados do País, mantendo um trabalho contínuo de atualização intelectual e tecnológica desses cirurgiões. Dessa forma, em parceria com as Regionais, promove congressos, simpósios, jornadas e reuniões científicas para elevar o conhecimento entre os associados e definir propósitos que priorizem e beneficiem saúde e bem-estar aos pacientes.

Fonte: Plastiko’s – edição 221

Dr. Moisés Wolfenson

Dr. Fernando Gomes de Andrade

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