A medicina humanizada nada mais é do que estabelecer uma relação mais empática entre o médico e o paciente. Apaixonado pelo tema, o médico José J. Camargo fala da importância do olhar humanizado na medicina

Por Daniele Amorim

Ele é conhecido como “o médico que gosta de gente”. Aos 73 anos, o pneumologista e escritor José J. Camargo é categórico: gostar de gente é pré-requisito para uma carreira médica bem-sucedida. Além do protagonismo na carreira — foi pioneiro no transplante de pulmão na América Latina e realizou o primeiro transplante duplo de pulmão no Brasil —, o médico acumula outra paixão: falar sobre a importância da humanização na medicina e o se sensibilizar na área da saúde, um tema que, trocadilhos à parte, enche seu peito de emoção.

Natural de Vacaria, cidade do Rio Grande do Sul, a trajetória de J. J. Camargo, como é conhecido, começou nos anos 1970. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele se especializou em cirurgia torácica e cursou pós-graduação na prestigiada Clínica Mayo, nos Estados Unidos. E foi o idealizador da Cirurgia Torácica e do Centro de Transplantes de Pulmão da Santa Casa de Porto Alegre, onde ainda atua como diretor.

Em entrevista exclusiva para a Plastiko’s, o médico explica que a humanização em medicina começa com a percepção de que não há uma relação médico e paciente adequada sem empatia por parte do médico e ressalta quais são os desafios enfrentados pelos médicos para adotar esse cuidado sensível em relação ao seus pacientes, além de destacar um detalhe: “Só consegue cuidar dos outros quem estiver bem consigo mesmo. Essa é uma máxima inarredável”.

O que podemos entender como conceito de humanização em medicina?

A humanização em medicina começa com a percepção de que não existe uma relação médico e paciente adequada sem empatia por parte do médico. Isso quer dizer que o paciente nunca perceberá o profissional que o acompanha como médico verdadeiro se não perceber a espontaneidade da parceria. Todos os maravilhosos avanços da medicina que ocorreram nos últimos 50 anos, quando avançamos em conhecimento mais do que em toda a história da humanidade, precisam ser festejados. Por outro lado, quando os pacientes idosos falam com nostalgia dos médicos de antigamente, não conseguimos fugir do constrangimento de perceber que, em algum ponto dessa trajetória vitoriosa, perdemos o compasso. Convenhamos que é uma frustração que sejamos tão mais qualificados tecnicamente do que nossos antecessores, mas os pacientes, os únicos cujas opiniões de fato interessam, não nos percebam melhores.

Como o médico pode aplicar o conceito da humanização em sua rotina?

A inclusão desse conceito dentro da prática médica deve ocorrer espontaneamente e será assim na medida em que o paciente perceber que está sendo atendido por um profissional que gosta do que faz e, principalmente, que goste de gente. O mais complicado talvez seja admitir que podemos treinar os estudantes, recomendar o exercício da arte e a leitura dos melhores livros, mas ninguém consegue ensinar alguém a gostar de gente. A inclusão de temas de humanidades nos currículos das melhores escolas de medicina é um louvável esforço no sentido de estimular a sensibilidade de quem trabalhará com pessoas vulnerabilizadas pelo sofrimento.

Leia a entrevista completa na edição 223 de Plastiko’s

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Na foto, J. J. Camargo com o presidente da SBCP durante a 2ª edição do Simpósio para Desenvolvimento e Gestão de Carreira ao Jovem Cirurgião Plástico

(SIDEG-C), realizado nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro em São Paulo.

J.J. Camargo na Aula Magna do Instituto de Ciências da Saúde, em 2018 – COMUNICAÇÃO/UNIVERSIDADE FEEVALE

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