Cirurgiões Plásticos têm optado por atender seus pacientes em coworking para fugir de questões burocráticas inerentes a um consultório próprio

Por Daniele Amorim

Há dois anos, a cirurgiã plástica Patricia Hiraki decidiu dar um novo passo em sua carreira médica e abrir o próprio consultório. Desde que se formou em 2011, ela dividia seu tempo entre atendimentos em consultórios de amigos e clínicas multidisciplinares, mas tinha a sensação de que era uma visita em seu próprio trabalho. A alternativa encontrada até que seu próprio consultório ficasse pronto foi atender seus pacientes em um coworking médico em São Paulo, formato que ela conheceu por meio de colegas. Os coworkings médicos são salas compartilhadas que oferecem recursos como secretária on-line, cartões de visitas para divulgação dos serviços e até mesmo vaga na garagem. Os custos mensais variam de 236 a 690 reais.

Para os cirurgiões plásticos ouvidos pela reportagem, os diferenciais em usar esses espaços são a imparcialidade do serviço e flexibilidade de atendimento em vários endereços, além da tecnologia onde o médico pode definir pelo aplicativo ou site seus horários e locais de atendimento. Outro fator é o custo: como o pagamento é feito no modelo pay-per-use, se o médico atende pouco ele paga menos. No fim, dizem, sai mais barato que montar um consultório próprio, e sem as dores de cabeça por causa das questões administrativas.

Patricia, que é membro  da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), atendeu seus pacientes durante seis meses em dois endereços de coworking em São Paulo e avalia a experiência como uma ótima alternativa: “Não era o consultório de ninguém, o atendimento telefônico é personalizado e o ambiente físico é bem impessoal no sentido de não ter logos, nomes ou marcas. Além disso, como o custo dependia da demanda de uso, foi uma opção econômica.”

Já o caminho do cirurgião plástico Alexandre Wada, membro titular da SBCP, foi inverso ao de Patricia: com consultório próprio desde 2007, ele abriu mão do espaço e utiliza o coworking desde 2018. “Estava descontente com a rotina do consultório devido à burocracia extramedicina com relação aos contratos trabalhistas e certificações na prefeitura e outros órgãos, além dos custos cada vez maiores”, conta. Hoje, ele atende pacientes em três endereços diferentes de um coworking em São Paulo.

“OPÇÃO A SE CONSIDERAR”

O espaço físico maior, o atendimento em horários estendidos e tecnologia integrada — paciente chega e se dirige a um totem para informar sua chegada e espera por sua vez —, além do design moderno dos espaços, são pontos que ele avalia como positivos. “É algo que não poderia dispor no antigo consultório, a menos que fizesse um investimento muito grande. Utilizo esses três endereços com dias e horários pré-determinado por mim e de acordo com minha rotina de trabalho, mas com flexibilidade para alterações caso necessário”, diz Wada.

O retorno de seus pacientes sobre o coworking também tem sido positivo. “Pelo menos para mim, os pacientes sinalizam uma ótima aceitação do sistema, principalmente os mais jovens e adeptos à tecnologia. Alguns pacientes mais antigos relataram algum incômodo com esse sistema no início, mas logo se acostumaram. É claro que nunca vou saber se há pacientes que desistiram do meu tratamento devido a esse sistema, mas o que tenho visto é um aparente aumento no meu fluxo de pacientes”, garante. E a vantagem para ele nesse formato de coworking, enquanto médico, é conseguir se dedicar apenas à parte médica sem preocupação com logística e burocracia, além da interação com colegas médicos de sua especialidade e de outras.

“Como não tenho mais secretária, passei a ter controle direto sobre todos os aspectos relacionados a pacientes, hospitais, equipes e fornecedores. Apesar de aumentar meu trabalho, isso possibilitou uma melhor organização do fluxo de cirurgias e um relacionamento mais direto com os pacientes, resultando numa comunicação melhor com eles”, afirma. Percepção semelhante tiveram os pacientes atendidos por Patricia. “Todos os pacientes elogiaram muito, mesmo aqueles para quem eu contava que ali era um espaço de coworking médico, pois eles entendem que é uma opção mais inteligente de otimizar tempo e espaço”, lembra a cirurgiã plástica.

Leia a matéria completa na edição 223 de Plastiko’s – http://rspress.com.br/userfiles/projetos/plastikos/223/34/

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