Cirurgiões plásticos brasileiros levam o humanismo da medicina e da cirurgia plástica aos sobreviventes da tragédia que deixou milhares de feridos após explosão na última semana a capital libanesa

Passam de 5.000 o número de feridos após a explosão de um galpão em 04 de agosto no porto de Beirute, no Líbano e que já são contabilizadas mais de 130 mortes. A tragédia de grandes proporções deixou a capital libanesa devastada e mobilizou vários países que já começaram a enviar algum tipo de ajuda. No Brasil, a solidariedade de médicos mobilizou cirurgiões plásticos se unirem e, junto com outros médicos, embarcaram para ajudar a equipe de médicos locais. O Dr. Rômulo de Melo Mene, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) do Rio de Janeiro, é um dos organizadores deste grupo que coordenou a ida dos médicos cariocas. Anos atrás, ele coordenou um grupo de cirurgiões plásticos libaneses que fizeram a formação na capital fluminense.

Além disso, eles estão levando uma doação de todo o estoque de peles de tilápia para a utilização em curativos biológicos para queimaduras, técnica pioneira desenvolvida na Universidade Federal do Ceará. Ao todo serão 45.000cm².

Segundo o coordenador da pesquisa com pele de tilápia e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Prof. Edmar Maciel, o grupo do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará, onde a pesquisa foi desenvolvida, eles sempre tiveram em mente ter um estoque de peles disponível para catástrofes desta magnitude ou menores e já ajudaram em outras tragédias tanto em países da América Latina como outras que aconteceram aqui no Brasil. O Prof. Edmar e sua equipe irão orientar os médicos que estão no Líbano para utilizarem as peles nos pacientes.

“É muito gratificante quando você sabe que dispõe de um produto como esse, genuinamente brasileiro, todo produzido aqui no Ceará e que pode ser levado tão distante para ajudar a salvar a vida dessas pessoas. A gente fica extremamente feliz em poder fazer essa doação porque sabemos que isso poderia ter acontecido na nossa casa, aqui no Brasil. Então fica a mensagem para nós, cirurgiões plásticos, repensarmos na nossa especialidade. A cirurgia plástica não é só Botox, lipoaspiração ou preenchimento. Ela vai muito além disso, na nossa formação, em relação a cirurgia reconstrutora.

“A excelência da nossa Cirurgia Plástica é orgulho para Medicina nacional, não só por seu reconhecimento científico mundial (graças a competência dos membros da SBCP), mas também por suas ações humanitárias (SBCP/Fundação IDEAH). Ações rápidas como esta dos cirurgiões plásticos da UFC, mostram a essência da Cirurgia Plástica brasileira”

Dr. Denis Calazans
Presidente Nacional da SBCP

Existe uma grande comunidade libanesa no país, incluindo cirurgiões plásticos, razão pela qual foi formada em 2010, a Associação de Cirurgiões Plásticos de Descendência Libanesa, criada pelo Prof. Ricardo Baroudi, uma das referências da cirurgia plástica brasileira e filho de libaneses. A Associação foi uma das primeiras a se mobilizar para ajudar as vítimas daquele país.

FORÇA TAREFA EM PROL DA VIDA

A mobilização dos médicos brasileiros reforça o enorme papel científico e social da cirurgia plástica, bem como a importância de se contar com profissionais especialistas em suas áreas. E assim tem sido desde os primórdios da especialidade, em que fatos históricos marcaram a cirurgia plástica no Brasil e possibilitou não só a sua expansão e qualidade, como também transformar o Brasil em um dos centros mundiais da cirurgia plástica.

Em 1961, uma equipe de incontáveis cirurgiões plásticos de várias partes do Brasil e do Mundo, incluindo o então professor de Cirurgia Plástica da Santa Casa do Rio de Janeiro, Ivo Pitanguy, atenderam as vítimas da tragédia conhecida como “o espetáculo mais triste da Terra”, o incêndio do Gran Circo Norte-Americano, na cidade de Niterói (RJ) e que deixou 503 mortos e milhares de feridos, sendo 70% crianças. Um fato memorável e que houve uma condução excepcional e que colocou a cirurgia plástica nos olhos dos grandes centros da especialidade até então.

Hoje, 27 de janeiro, completa sete anos de outra tragédia comoveu o Brasil e mobilizou novamente a cirurgia plástica: o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que deixou 242 mortos e 680 feridos. Um grande mutirão foi realizado para conseguir atender todas as vítimas. Assim foi também na tragédia de Janaúba, em Minas Gerais, em 2017: um incêndio criminoso em uma creche, deixou 14 mortos e mais de 40 feridos.

Com a mobilização de diversos profissionais especialistas de todo o mundo, a SBCP manifesta o seu total apoio e auxílio para as vítimas, que contarão com a excelência tecnológica brasileira e tratamentos de vanguarda em casos de queimaduras graves.

Visite o site oficial da SBCP