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O perigo mora ao lado

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Em busca de cirurgias plásticas mais baratas, mulheres se arriscam viajando à Venezuela, Bolívia e Paraguai para serem operadas, mas têm de lidar sozinhas com complicações

Por Lucilene Oliveira

Uma excursão. Trinta mulheres. Mil e seiscentos quilômetros percorridos. Esses números até poderiam representar uma viagem de férias para algum lugar paradisíaco de nossos países vizinhos. Porém os dados que abrem esta reportagem são de mulheres do norte do Brasil que, há cerca de três anos, saíam de Manaus (AM) em ônibus fretados, geralmente com destino a Puerto Ordaz, na Venezuela, para se submeter a cirurgias plásticas sem aparato clínico e capacitação ideais a custos insustentáveis se comparadas aos valores praticados por especialistas brasileiros sob a chancela da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). O grande problema é que não foram raras as vezes em que essa foi uma viagem sem volta. A instabilidade do país governado por Nicolás Maduro fez com que a procura por turismo médico tenha diminuído, mas não cessado integralmente.

A Regional Amazonas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica denuncia que ainda hoje mulheres se aventuram em uma viagem de quase 24 horas com um único objetivo: realizar cirurgias estéticas por preços até quatro vezes menores do que o praticado por especialistas brasileiros.

Os relatos são de que procedimentos cotados no Brasil por R$ 20 mil, por exemplo, cheguem a custar o equivalente a R$ 5 mil no país vizinho. A situação, que teve seu auge em 2015 e 2016 graças ao bom momento econômico do Brasil e à valorização do real, foi tão crítica no Amazonas que levou a SBCP a fazer diligências para frear o avanço dos chamados agenciadores, responsáveis por fazer a conexão de mulheres com médicos venezuelanos, e também evitar que esses profissionais exerçam a medicina em território nacional em situações precárias, como em salões de beleza, clínicas de estética ou até consultórios de fisioterapia.

“O que acontecia e acontece até hoje, mas em menor volume, é que tinha um esquema, uma rede montada, na qual blogueiras, donas de salão de beleza da cidade de Manaus e fisioterapeutas envolvidas com estética começavam a recrutar e fazer propaganda de cirurgiões plásticos venezuelanos na internet, no Facebook, Instagram e redes em geral para organizar as caravanas”, explica o presidente da Regional do Amazonas da SBCP, Jose Renato Barbieri Gallo. O ato de um brasileiro optar por fazer uma cirurgia estética no exterior por si só não é caracterizado como qualquer tipo de crime, uma vez que cabe ao paciente pesquisar sobre o especialista que realizará o atendimento e se ele possui registro no Conselho de Medicina do país vigente. O que é condenado pelos especialistas brasileiros é a baixa qualidade dos trabalhos realizados nas fronteiras e a deficiência na rotina pré e pós-operatória, resultando em cicatrizes em locais inadequados, quadros graves de complicações e resultados diferentes do idealizado.

“As mulheres faziam a cirurgia e ficavam no hotel por um curto período de tempo, e lá eram cuidadas por uma técnica de enfermagem ou alguém da equipe do tal médico que as operava. Depois desse período, elas regressavam a Manaus, em média uma semana ou 15 dias depois. Quem não tinha dinheiro para voltar de avião enfrentava horas em uma viagem de ônibus”, afirma Gallo, criticando a precariedade do pós-operatório.

Procedimentos são realizadas em quartos improvisados nos países vizinhos, sem o suporte de um centro cirúrgico

Em outro extremo do país, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o cenário se repete: mulheres viajam à Bolívia e ao Paraguai em busca da tão sonhada aparência ideal, mas não é preciso muito para que o sonho se torne um pesadelo. Presidente da Regional Mato Grosso do Sul da SBCP, Daniel Nunes e Silva evita fazer críticas aos profissionais que realizam os procedimentos nos dois países vizinhos, mas é enfático ao afirmar que a negligência com o pós-operatório e o uso de materiais com baixa qualidade são os principais impulsionadores de complicações.

“Cirurgia plástica é muito delicada. Você está lidando com muitos fatores que podem comprometer e prejudicar, ou potencializar uma complicação. Muitas vezes, uma leve infecção ou uma pequena borda de necrose em uma mama, por exemplo, se não tratada levará a uma sequela irreparável”, afirma Silva. Compartilhando da opinião do colega, o presidente da Regional Mato Grosso da SBCP, Jubert Sanches, destaca que, a fim de minar as mais remotas possibilidades de intercorrências após a realização do procedimento, é comum que o acompanhamento da paciente persista por três a seis meses após a intervenção cirúrgica.

Assim como utilizar materiais de boa qualidade e realizar o procedimento em um centro cirúrgico que ofereça estrutura para conferir segurança à intervenção, o pós-operatório possui o mesmo peso para uma cirurgia plástica bem-sucedida. Silva afirma que o acompanhamento é tão importante que ele, ao operar pacientes de outros estados que não o seu de origem, cujo pós-operatório não poderá acompanhar de perto, liga pessoalmente para um colega cirurgião de sua confiança da cidade de origem da paciente e pede para que ele realize a retirada dos pontos e curativos.

“Isso a gente já não vê quando acontece fora do Brasil. Já atendi várias pacientes com intercorrências vindas de lá e muitas vezes a paciente não sabia o nome do médico ou tinha vergonha de dizer, relutava muito em falar que operou fora do Brasil, e não havia esse contato e cirurgião para cirurgião”, destaca. Assim como no Amazonas, as complicações cirúrgicas batem à porta nos consultórios brasileiros, e o receio de se responsabilizar por intervenções malsucedidas, uma vez que essas mulheres chegam às clínicas brasileiras sem histórico da cirurgia, levou os profissionais de ambos os estados a se negar a atender essas mulheres e orientá-las a buscar auxílio no Sistema Único de Saúde.

“De modo geral, a gente não sabe o que foi feito na cirurgia e a responsabilidade de um profissional sul-mato-grossense é grande porque você acaba se responsabilizando pela complicação que isso pode gerar”, salienta Silva.

PREÇOS COMPETITIVOS

Com a popularização da cirurgia plástica no Brasil, os preços também ficaram competitivos com os praticados em outros países da América Latina, com a diferença de que, nesses locais, o valor do imposto é suprimido. Ao colocar na balança os custos de refinamento das cirurgias, comumente realizado pelas pacientes insatisfeitas com o resultado, o valor total investido em uma cirurgia nesses países e no Brasil são bem similares. “Em busca do refinamento, a mulher paga por novas consultas com o cirurgião plástico e muitas vezes até se submete a pequenas cirurgias de correção, o que causa arrependimento e vergonha”, destaca Silva.

De acordo com Jubert Sanches, trata-se de uma ilusão a opção por cirurgias em um país da fronteira, achando que será economizado um valor significativo com os custos da operação. Ele chama a atenção para o fato de a cirurgia não se resumir apenas a algumas horas no centro cirúrgico, mas que possui quatro pilares de relevância similar. O procedimento começa na consulta, passa pelo pré-operatório, chega à cirurgia em si e finaliza com o acompanhamento pós-operatório. “Uma paciente chega lá e o médico muitas vezes nunca a viu, o primeiro encontro é só na sala de cirurgia, faz o procedimento e no dia seguinte a coloca no ônibus e manda embora, ou seja, ele está fazendo um terço do procedimento”, finaliza o cirurgião.

A hora e a vez da cirurgia reparadora de mama

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Até poucas décadas atrás, a cirurgia de reconstrução mamária era um procedimento colocado em segundo plano pela classe médica¹.

Por Lucilene Oliveira
Madson de Moraes

Por causa das crenças de que o fechamento dos locais de mastectomia poderia ocultar a recorrência do tumor, a reconstrução mamária só ganhou aceitação mesmo no fim do século passado², e foram os cirurgiões plásticos que lutaram por sua adoção no tratamento do câncer de mama. De lá para cá, as técnicas de reconstrução mamária evoluíram muito nas últimas décadas.

Se, na década de 1980, a força da cirurgia plástica estava concentrada nos procedimentos estéticos e pouco nos reparadores, dados mais recentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) têm apontado para o crescimento das cirurgias reparadoras e, em especial, de reconstruções mamárias. Em 2009, o censo realizado pela SBCP apontava que, dos 27% dos procedimentos reparadores realizados, só 3% eram cirurgias de reconstrução mamária. Mas, no Censo 2016, o número de reparadoras saltou de 27% para 43%, quando foram feitas 62.681 cirurgias de reconstrução das mamas, quase 10% do total das reparadoras realizadas. “O aprimoramento das técnicas e a melhor capacitação de profissionais, associados à ampliação do mercado pela obrigatoriedade de contemplação dos procedimentos reparadores por meio das operadoras de saúde suplementar, são possivelmente os principais fatores que estimulam esse crescimento”, afirma a chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Pérola Byington – Centro de Referência da Saúde da Mulher, em São Paulo, Ana Claudia Burattini. O Hospital realiza, em média, 100 cirurgias reparadoras por mês.

Tal cenário, no entanto, tem contribuído ou não para despertar o interesse dos cirurgiões plásticos em formação a se capacitarem em cirurgias de reconstrução das mamas? Para responder a essa pergunta, a Plastiko’s ouviu cirurgiões dos principais centros formadores do País para compreender como essa e outras questões, como remuneração e mercado de trabalho, têm interferido na hora de o profissional escolher sua área de atuação.

A percepção da cirurgia plástica é de que o interesse vem aumentando. “Temos percebido um aumento na procura pelo estágio de pós-graduação [em nosso hospital] nesses últimos anos, um reflexo da percepção de que o profissional com essa capacitação tem um papel diferenciado na especialidade”, diz Ana Claudia. No Hospital Pérola Byington, são oferecidas 15 vagas para esse estágio em reconstrução mamária, reservado a profissionais com título pela SBCP. Pelo aumento do número de casos de câncer de mama, o coordenador do Setor de Reconstrução Mamária da Escola Paulista de Medicina (EPM), Miguel Sabino Neto, salienta que há uma demanda reprimida de pacientes que fizeram tratamento oncológico e não foram submetidos à reconstrução mamária. “Faltam cirurgiões plásticos para atender a essa demanda na área”, aponta.

Esse interesse pela reconstrução das mamas, avalia o cirurgião plástico Alexandre Mendonça Munhoz, chefe do Serviço de Reconstrução da Mama do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), existe e, entre as diferentes áreas da reconstrução, a das mamas é a mais concorrida. “Mas, comparando com as cirurgias estéticas e os procedimentos não invasivos, realmente a procura é menor”, pondera Munhoz. O Icesp realiza cerca de 50 reconstruções mamárias por mês e, desde 2015, oferece fellow em reconstrução mamária, com duração de 12 meses.

Na opinião do cirurgião plástico que chefiou a Seção de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Instituto Nacional de Câncer (Inca) por 15 anos, Paulo Roberto de Albuquerque Leal, as reconstruções mamárias, assim como a cirurgia reconstrutora em geral, não despertam grande interesse entre os médicos em formação. Ele atribui essa situação, sobretudo, à falta de serviços de formação com docentes treinados em realizar e ensinar esses procedimentos. “O desafio maior é o treinamento para a capacitação. A maioria dos serviços, mesmo os universitários, mantém uma agenda mais voltada para o adestramento em procedimentos estéticos. Como não é oferecido um bom treinamento nas cirurgias reparadoras [para os cirurgiões plásticos em formação], o interesse sem dúvida cai”, aponta.

Outro fator é a necessidade de o cirurgião se submeter a um treinamento rigoroso quando se trata da reconstrução mamária, área com várias técnicas complexas em situações de indicações diversas. Na visão do diretor técnico-científico do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), João Carlos Guedes Sampaio Góes, isso pode afastar o jovem cirurgião plástico que deseja uma formação mais imediata com retornos igualmente rápidos. “A reconstrução mamária é uma área um tanto específica dentro da cirurgia plástica. Não é somente assistir a algumas aulas ou ver meia dúzia de casos para o cirurgião estar completo com sua formação”, analisa o diretor da entidade, que realiza aproximadamente 40 cirurgias mensais de reconstrução mamária.

HÁ BAIXA REMUNERAÇÃO PARA RECONSTRUÇÃO DAS MAMAS?

Nesse aspecto, Alexandre Munhoz, do Icesp, ressalta que, além de apresentar poucas flutuações decorrentes de crises econômicas, a cirurgia reparadora das mamas é um movimento cirúrgico mais homogêneo durante todo o ano, diferentemente das cirurgias estéticas mais suscetíveis à diminuição no número de procedimentos em decorrência de crises econômicas ou mesmo durante meses de menor procura. “Mas, muito mais do que a remuneração financeira, aspectos relacionados à satisfação pessoal, como o bom trabalho e o bem maior que isso representa, conferem à reconstrução mamária uma área gratificante de atuação do cirurgião plástico.”

João Carlos Guedes Sampaio Góes, do IBCC, entende que a remuneração é muito baixa principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), mas também nos convênios que, segundo ele, possuem tabelas muito baixas para a reconstrução mamária. “Esse é um aspecto importante que deveria ser cobrado do SUS e dos próprios convênios para procurar atualizar essas tabelas onde há uma discrepância muito grande entre a complexidade e a responsabilidade do tratamento com as remunerações existentes”, avalia.

Ainda que a remuneração seja baixa, analisa Ana Claudia Burattini, do Pérola Byington, a realização de cirurgias reparadoras pode ser uma oportunidade para os que ingressam na carreira se tornarem conhecidos no mercado pela formação diferenciada. “Devido à falta de profissionais de formação adequada no mercado e à demanda crescente, o cirurgião que atua nessa área acaba se tornando referência entre os demais colegas de outras especialidades”, avalia.

CENTROS DE FORMAÇÃO POTENCIALIZAM ESPECIALIZAÇÃO

Com o objetivo de reforçar e ampliar a cirurgia de reconstrução mamária em todo o Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem atuado em duas frentes: a primeira é o apoio aos centros formadores da técnica em todas as regiões do País, aliado a mutirões para a realização de cirurgias com o intuito de atender um número significativo de mulheres mastectomizadas.

Anualmente, a SBCP organiza, em outubro, mutirões de reconstrução mamária para atender pacientes vítimas de câncer de mama do SUS que aguardam na fila pela cirurgia.

No ano passado, a iniciativa atendeu 1.135 mulheres operadas em todo o Brasil. A entidade também fez a distribuição de 500 próteses na ação. “Realizar, no período de um mês, mais de mil cirurgias de reconstrução de mama no Brasil é muito expressivo. É uma atitude que trouxe um retorno muito bonito em termos de atendimento social”, explica a cirurgiã plástica e secretária adjunta da SBCP, Marcela Cammarota, responsável por coordenar a ação. O mutirão deste ano aconteceu em todo o Brasil na última semana de outubro.

Na linha de frente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Daher, no Distrito Federal, Marcela chama a atenção para a importância de motivar cirurgiões plásticos, que estão concluindo a residência, a se qualificarem para atender a esse perfil de pacientes, uma vez que, com a alta incidência de câncer de mama, a tendência é de ampliação da demanda por esse tipo de procedimento. “Nos cursos de gerenciamento de carreira, se fala bastante da superlotação do mercado na cirurgia plástica estética, como a mamoplastia, abdominoplastia e colocação de próteses. É difícil competir sabendo fazer só isso. Para ter um diferencial no mercado, é preciso fazer algo mais, seja reconstrução de mama, seja cirurgia de mão ou craniomaxilofacial. São áreas lindas em que há pouca gente trabalhando e uma demanda enorme”, diz.

A constatação de superlotação no mercado das cirurgias plásticas comuns já tem contribuído com uma mudança de cenário em Brasília. Segundo Marcela, o número de cirurgiões aptos a atender mulheres mastectomizadas ampliou 10 vezes nos últimos anos. “Há pouco tempo, tínhamos apenas dois ou três cirurgiões plásticos que atuavam aqui com reconstrução, agora eu tenho pelo menos 10 ex-alunos que tiveram sua formação com a gente e estão operando muito bem”, destaca a cirurgiã plástica. Em números absolutos, a especialista aponta que, dos 180 cirurgiões plásticos do Distrito Federal, 20 a 30 especialistas são capacitados para realizar cirurgia reparadora das mamas.

Em Curitiba, a chefe do Serviço de Reparação de Mama do Hospital Erasto Gaertner, Anne Groth, aponta que o alto investimento em tecnologia de ponta e a exposição dos alunos a casos clínicos complexos são os principais atrativos para especializar anualmente dois fellowships que concluíram a residência médica em cirurgia plástica. “Aqui no serviço, há uma estrutura completa para que os nossos fellows assumam o protagonismo da cirurgia plástica reparadora. Nós temos microscópio, robô e um centro acadêmico bastante forte”, conta.

Ao todo, o Hospital realiza entre 60 e 70 cirurgias de reconstrução mamária por mês, frequência que confere aos fellowships experiência e prática aguçada na realização do procedimento. “Não existe só o implante, mas também a microcirurgia, o músculo grande dorsal para a reconstrução de mama, e cada situação tem seu momento para você aplicar a indicação correta. O cirurgião plástico geral não sabe fazer essas indicações. Na formação de cirurgia reconstrutora, os residentes e estagiários do nosso serviço são treinados com essas técnicas”, afirma o também cirurgião plástico do Serviço de Cirurgia Plástica e  Restauradora do Hospital, Alfredo Benjamin Duarte da Silva.

Na Paraíba, o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Napoleão Laureano, que atende de 60% a 70% dos casos de câncer de mama no estado, Péricles Vitório Serafim Filho, destaca que, como forma de fortalecer o procedimento entre os especialistas da cirurgia plástica de todo o Nordeste, realiza o mutirão Dia da Boa Vontade, em março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, cerca de 20 pacientes são atendidas por especialistas de todos os lugares do Brasil, que viajam à Paraíba para participar do Simpósio Rec-Mama. “No dia anterior às cirurgias, discutimos os casos que serão operados, trocamos ideias com os profissionais e, no dia do mutirão, os alunos podem acompanhar a cirurgia ao lado de especialistas na área”, destaca Serafim, que coordena a Comissão de Lipoaspiração da SBCP.

Segundo os especialistas, iniciativas assim têm contribuído para devolver à especialidade o direito de ser a única apta a realizar a operação reparadora de mama. Ano após ano, a especialidade assistiu ao crescente desinteresse dos profissionais recém-graduados pela área e, com isso, a demanda ser absorvida por outras áreas. “O mastologista ocupou por ineficiência do serviço público, que não tem cirurgião plástico para atender à demanda. Ele, pela necessidade de atender a paciente, acaba fazendo reconstrução”, declara Marcela Cammarota. O cenário, no entanto, levou alguns mastologistas migrar para a cirurgia plástica estética e, com isso, se tornarem concorrentes diretos dos profissionais de cirurgia plástica. “A formação é incomparável. O cirurgião tem dois anos de cirurgia geral e mais três de cirurgia plástica. Não tem como comparar com um médico que teve sua formação em ginecologia”, conclui Marcela.

Confira o texto na edição 218 de Plastiko’s

A importância da eficiência energética em ambientes de saúde

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A preocupação com o uso eficiente da energia elétrica toma conta não apenas de ambientes residenciais, mas também de locais onde atuam profissionais da saúde, como consultórios médicos, clínicas e hospitais.

Por ALEXANDRE MOANA

Também pudera: em um mundo cada vez mais “verde”, a adoção de medidas sustentáveis e de menor impacto ao meio ambiente são, na medida do possível, uma tendência. Partindo do princípio de que todo espaço tem potencial de economia de energia, o conceito de eficiência energética pode ser pensado e aplicado a qualquer lugar: uma clínica, uma sala comercial ou até construções maiores, como edifícios e hospitais.

No entanto, como ser mais eficiente nesses ambientes de saúde? Projetar o local com uma janela mais ampla para aproveitar melhor a incidência de luz solar, por exemplo? Sim. Mas as ações podem ir muito além.

Normalmente, em um prédio comercial ou uma clínica, há predominância de sistemas de iluminação e de climatização, aos quais é necessária atenção. Sabe-se que esses dois sistemas exigem bastante energia e que, consequentemente, são dois aspectos que devem ser pensados para se tornarem eficientes, visando ao melhor aproveitamento do consumo e, consequentemente, redução nos custos.

A troca de uma lâmpada mais antiga (as incandescentes, responsáveis por gerar mais calor do que iluminação) por uma lâmpada mais eficiente, como a de LED, permite uma boa economia de energia. Já em relação ao sistema de climatização e sua utilização adequada, o dimensionamento do sistema de refrigeração é primordial. Ao fazer a aquisição de um equipamento, é preciso verificar se ele atende as reais necessidades do local. Não adianta comprar um dispositivo superestimado ou subestimado em relação à potência. Para se ter uma ideia, a instalação de um aparelho com tamanho diferente do ideal pode gerar mais de 30% de desperdício de energia naquele espaço.

“Se houver uma fresta aberta no ambiente climatizado, pode ser desperdiçada cerca de 20% de energia utilizada pelo ar-condicionado”

Outro fator a ser observado é a utilização. O ideal é ligar o ar-condicionado uma hora depois do início do expediente comercial. Por exemplo, se a jornada médica começa às 8h, seria interessante ligar o sistema de ar a partir das 9h. Também dá para desligar uma hora antes do atendimento, em virtude da desocupação do ambiente, uma vez que ele continua climatizado.

Outros detalhes que passam despercebidos também influenciam. Por exemplo, se houver uma fresta aberta no ambiente climatizado, pode ser desperdiçada cerca de 20% de energia utilizada pelo ar-condicionado. Ou ainda: se a clínica de saúde for construída com uma parede mais fina do que deveria e os raios solares estiverem incidindo diretamente nela, o gasto desnecessário de energia pode superar os 40%.

Por isso, ao implantar um sistema de ar-condicionado, o ideal é procurar uma Empresa de Serviços de Energia (Esco), para que faça as devidas orientações para esse tipo de projeto. Evite também compras por impulso, motivadas exclusivamente por preços, e instalações feitas de maneira inadequada. Lembre-se: todos esses detalhes podem contribuir para que um ambiente de saúde seja mais eficiente sob o ponto de vista de uso energético.

E qual a diferença de potencial de eficiência energética entre clínicas e hospitais? Em um hospital, que nada mais é do que – a grosso modo – um conjunto de clínicas médicas, você tem um ambiente que requer uma determinada tipologia de equipamentos, iluminação e refrigeração. Quer dizer, cada ambiente ou cada setor do hospital tem uma necessidade específica, seja em termos de iluminação, climatização e acomodação de equipamentos específicos para aquela finalidade.

Já a clínica médica é um ambiente onde, normalmente, há uma área de recepção, com a necessidade de uma quantidade de luz fundamental para manter o local agradável e também uma quantia de ar refrigerado para que as pessoas possam ter um conforto mínimo. Em comparação a um hospital, esse espaço não requer muitos ambientes ou equipamentos, a não ser que a clínica possua um ambiente cirúrgico.

Com tudo isso, fica novamente a lição para o setor da saúde. Em geral, é fundamental caminhar mais rapidamente em direção à eficiência energética. Trata-se de uma atividade que busca proporcionar meios para se produzir mais com a menor quantidade de energia. E a sua clínica? Já é eficiente?

 

Alexandre Moana
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA (ABESCO)

Colar a orelha do bebê com esparadrapo diminui a “orelha de abano”?

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Não! Hábito ainda pode provocar irritações ou infecções na pele do bebê.

É só o bebê nascer com a orelha um pouco mais saltada para fora que, logo na maternidade, aparece algum parente aconselhando a colar as orelhinhas do recém-nascido com esparadrapo, na tentativa de “corrigir” a “orelha de abano”, como é popularmente chamada. Muitos pais, preocupados com a questão estética e até com possível bullying na infância, acabam recorrendo ao método, mas isso não é recomendado.

Usar esparadrapo reduz orelha de abano?

Segundo os especialistas, fazer isso não só é ineficiente para corrigir o “problema”, como ainda pode ser prejudicial à pele do recém-nascido. Em alguns casos, principalmente quando a orelha fica colada por muito tempo, pode haver irritação e até inflamação.

Por ser uma área próxima ao couro cabeludo, o esparadrapo ainda pode puxar os fios de cabelo, causando mais incômodo e dor à criança.

Qual a solução mais indicada?

Os médicos dizem que moldes de silicone estão entre os métodos mais eficientes para corrigir a “orelha de abano”. O procedimento, que deve ser feito sob supervisão e aconselhamento médico, no entanto, tende a ser mais eficaz quando a abertura ou deformidade é leve a moderada. Quando a abertura é grande (geralmente, acima de meio centímetro), só a cirurgia plástica resolverá a questão mesmo.

Um estudo publicado no periódico científico Plastic and Reconstructive Surgery, realizado com 488 crianças, mostrou que 90% dos casos tiveram melhora com o uso do molde. O tratamento demora de quatro a seis semanas e apresenta melhor resultado se feito em bebês com menos de 21 dias de vida –isso porque até os primeiros 45 dias a criança ainda está sob efeitos dos hormônios maternos, o que altera a maleabilidade da pele, deixando-a mais suscetível a mudanças.

Vale ressaltar que o procedimento não é barato e poucas pessoas ainda têm acesso a ele no Brasil.

E tem alguma opção mais acessível?

Alguns cirurgiões usam uma espécie de sonda que passa por fora da orelha e é colada com adesivo médico específico para não causar irritações. Mais uma vez, o método deve ser feito sob orientação médica e demonstrado aos pais como deve ser realizado em casa. Nunca faça por conta.

As faixas elásticas funcionam?

No primeiro mês de vida, o uso de faixas na cabeça apresenta resultado apenas quando a deformidade é suave, normalmente em casos de uma dobra formada por causa da posição em que o bebê estava no útero. No entanto, saiba que, assim como o uso de esparadrapo, o item não corrigirá a “orelha de abano”.

Se ainda assim optar pela faixa, é de extrema importância usá-la apenas quando bebê estiver sob os cuidados de alguém. Na hora de dormir, retire o acessório, para evitar risco de sufocamento, já que pode acontecer de a faixa se deslocar da cabeça e tampar as narinas da criança.

A partir de que idade a criança pode operar?

Os médicos consultados afirmam que a criança só deve ser operada acima dos seis anos, quando já tem a possibilidade de fazer uma intervenção cirúrgica sem correr o risco de a orelha mudar de tamanho. A plástica, no entanto, deve apenas ser feita se esse for um desejo do jovem, porque muitas vezes ele lida bem com a questão e não deseja passar pela otoplastia, como é chamada a cirurgia que corrige a “orelha de abano”.

 

Fontes: Dov Charles Goldenberg, cirurgião plástico especializado em cirurgia reconstrutiva e pediátrica do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Mônica Carceles, pediatra neonatologista e coordenadora do berçário da Pro Matre Paulista (SP).

 

O Dr. Dov Goldenberg é editor da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP)

 

Leia a matéria na íntegra: https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/13/colar-a-orelha-do-bebe-com-esparadrapo-diminui-a-orelha-de-abano.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=vivabem

Cirurgião Plástico pernambucano lança biografia de Ivo Pitanguy

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Em “Ivo Pitanguy Além do Bisturi – Biografia de uma lenda”, o leitor conhecerá mais deste ícone da medicina brasileira e da cirurgia plástica mundial. 

Por SBCP

Escrito por Moises Wolferson, PhD em cirurgia plástica, escritor e historiador, o texto apresenta, leveza, linguagem direta, bom contexto e apresenta a vida e obra do maior mestre da cirurgia plástica de todos os tempos com grande entusiasmo; e vai além, conta em detalhes os momentos mais marcantes de sua vida científica, intelectual e empreendedora, sempre dirigida a  minorar o sofrimento das pessoas no sentido de encontrarem no seu semblante o conceito de normalidade.

Narra, inclusive, um episódio trágico ocorrido em Niterói, em 17 de dezembro de 1961, o incêndio do Grand Circo Norte Americano, com cerca de duas mil pessoas presentes. O garoto Pablo, de 11 anos, retirado das lonas com 80% do corpo queimado, se desvencilhou das enfermeiras e voltou para o meio do fogo. Minutos depois, reapareceu com um amigo no colo. O caso de heroísmo impressionou o jovem médico Ivo Pitanguy, que participou do resgate e viu o trabalho com os feridos estimular o desenvolvimento da cirurgia plástica no Brasil. Professor da PUC-RJ, Pitanguy ia para um plantão na Santa Casa da Misericórdia quando ouviu, pelo rádio, o anúncio do incêndio. Desviou o carro e seguiu para o Iate Clube do Rio. A bordo de sua lancha particular, atravessou a baía de Guanabara (não existia ainda a Ponte Rio-Niterói) e foi ao encontro das vítimas, quase mil pessoas foram salvas e tratadas pelo jovem médico e sua equipe. É fato indiscutível que uma das cirurgias mais complexa é aquela realizada em pacientes queimados.

No livro, tudo é repassado com esmero e afinco para retratar a realidade o mais próximo que seja possível. Os dados são corroborados com depoimentos emocionados de pessoas que tiveram o privilégio de acompanhar o Professor Pitanguy como seu colaborador, amigos próximos ou membros da AEXPI (Associação de ex alunos de Pitanguy), hoje ilustres mestres da cirurgia Plástica como o Dr. Farid Hakme, seu fiel escudeiro, autor do prefácio do livro Além do Bisturi, editado pela Dilivros. Há, também, relatos e depoimentos de grandes nomes da cirurgia plástica brasileira, inclusive muitos ex presidentes da SBCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, como os Drs. Prado Neto, Luis Carlos Garcia, Pedro Martins, Ewaldo Bolivar, Juarez Avelar e outros.

Assim, o livro faz um mergulho na vida de um dos mais importantes cirurgiões plásticos do mundo e uma das maiores personalidades do século XX. Ao virar cada uma das páginas, o leitor vai entendendo como Ivo Pitanguy se transformou numa referência mundial, criando técnicas de cirurgia plástica que são seguidas e respeitadas até hoje. Traz, também, os obstáculos do início da carreira, quando a cirurgia plástica era vista como algo menor; sua passagem por grandes hospitais dos Estados Unidos, França e Inglaterra; a construção de sua clínica em Botafogo, reconhecida e frequentada em décadas por celebridades do cinema, dos esportes e da literatura. O livro narra, ainda, a sua dedicação em atender aos mais necessitados, dando a muitos deles a possibilidade de realizarem cirurgias plásticas restauradoras e estéticas, através da criação da Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro.

Com uma Iconografia ampla, o livro traz um capítulo de fotobiografia, rico em detalhes que vão além do bisturi. Mostra também o entusiasmo magistral pela vida exemplarmente demonstrado pelo seu savoir vivre e savoir fair. Uma lenda real, intensa e repleta de uma luz especial, própria das pessoas geniais.

O autor teve o privilégio de conhecer o Ivo Pitanguy também intelectual, com mais de 20 livros publicados, e que foi membro da ABL – Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 22.  Também usufruiu do seu convívio, da troca de ideias sobre o museu da cirurgia plástica brasileira e outros projetos culturais, a exemplo do livro “Um Século da Cirurgia Plástica no Brasil”, lançado em 2006, na Academia Brasileira de Letras.   Ivo Pitanguy, referência internacional na cirurgia plástica e patrono da cirurgia plástica brasileira. Uma lição de vida!

Dr. Moises Wolferson, à esquerda, ao lado do Dr. Antonio Pitanguy, neto do Prof. Ivo Pitanguy e o Dr. Alvaro Luiz Cansanção, à direita, durante lançamento do livro no 55º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em novembro de 2018, em Recife (PE). Crédito da foto: Dr. Alvaro Luiz Cansanção.

Cuidados devem se tomados ao fazer cirurgia plástica; veja quais

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Por Bom Dia Minas — Belo Horizonte

É preciso tomar alguns cuidados, principalmente no pós-operatório, ao realizar qualquer tipo de cirurgia plástica. Eles devem começar antes mesmo de fazer uma cirurgia. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Alexandre Meira, a primeira coisa que a pessoa deve saber antes de qualquer decisão é saber escolher o profissional que irá fazer a cirurgia, ele deve ser especialista na área. Ele precisa ter registro de qualificação de especialidade, que pode ser consultado no site do Conselho Regional de Medicina.

Livro que aborda o Transtorno Dismórfico Corporal será lançado em novembro

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“Transtorno Dismórfico Corporal – A mente que mente” busca apresentar o histórico do TDC, como identificar, neuroanatomia, preocupações dismórficas corporais no contexto da cirurgia plástica, dermatologia, endocrinologia, nutrição clínica e estética, odontologia e ortopedia. Inclui, também, como deve ser realizado a avaliação do transtorno, bem como o planejamento do tratamento.

Escrito pela psicóloga Maria José Azevedo de Brito Rocha, o psiquiatra Táki Athanássios Cordás e a cirurgiã plástica Lydia Masako Ferreira, com o prefácio do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica biênio 2018/2019, Níveo Steffen, o lançamento da obra será dia 30 de novembro, às 19 horas na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

Leia abaixo o texto de uma das autoras sobre o livro:

Transtorno Dismórfico Corporal – O desencontro entre mente e corpo

O transtorno dismórfico corporal (TDC) é a condição neuropsiquiátrica mais relevante para o aumento de tratamentos médicos com a aparência, num contexto sociocultural que valoriza a atratividade.

Não obstante, o belo pode ter sentidos diferentes para o cirurgião plástico e para um paciente com TDC. Para o cirurgião, que está preso à técnica, o belo pode ter um sentido real, enquanto para o paciente com TDC o sentido é imaginário. Ele busca a normalidade, quer pertencer a um padrão, ainda que a sua demanda seja imaginária; e o
médico tem a obrigação ética de conhecer e oferecer o “normal”. Ou seja, existe um limite para ambos – nem sempre é possível melhorar.

Por isso, é muito importante que a triagem e a avaliação de risco do TDC, como um checklist, seja criteriosamente identificado no pré-operatório de um procedimento em cirurgia plástica. Cerca de 80% dos cirurgiões identificam o TDC apenas após a cirurgia, uma vez que, muitos desses pacientes, são funcionais e têm um discurso adaptado e adequado à realidade que buscam modificar.

Ser portador de TDC, dentro de um espectro leve a moderado, não é critério de exclusão para um procedimento estético e/ou cirúrgico. Por isso, o tratamento do TDC transita necessariamente por uma equipe multiprofissional.

O TDC revela em sua condição um estigma, quando comparado a outros transtornos mentais, e é facilmente banalizado por confundir-se com vaidade e aparente futilidade. Ou, subestimado, por profissionais da saúde mental, ao ser confundido como mera apresentação clínica de outros transtornos mentais. Por isso, a maioria dos pacientes
sente vergonha e prefere não falar sobre seus sintomas.

Espera-se assim que o livro “Transtorno Dismórfico Corporal – A mente que mente” possa encorajar pacientes e profissionais de saúde, que, respectivamente, sofrem e lidam com o TDC, a procurar e adotar melhores estratégias de tratamento.

Maria José Azevedo de Brito

O Mestre escreve…

By Notícias

Por Francesco Mazzarone

Em quase 30 anos acompanhando a formação de novos cirurgiões plásticos, consigo perceber algumas regras básicas para que esta formação seja mais adequada. Em primeiro lugar, observar a experiência de quem estiver na preceptoria. Respeitar não só a ancianidade, mas também o conhecimento adquirido com a vivência.

Em seguida, respeitar o ambiente de trabalho e, sobretudo, os pacientes. Durante a formação, provavelmente haverá alguma divergência em relação às rotinas e condutas que naturalmente tenham sido adquiridas nos serviços de origem. Porém, lembrar que observar e seguir a conduta de onde está  ocorrendo a formação é muito importante, afinal de contas este será seu “porto seguro”, pois somente desta forma em situações adversas ou de conflito qualquer colega poderá auxiliar a resolver o problema.

Deve-se aproveitar o máximo possível nas aulas teóricas, principalmente, observando todo e qualquer detalhe que possa vir auxiliar durante o treinamento prático.

Outro detalhe importante é de não se ter pressa, de querer operar logo, uma vez que a observação das dificuldades dos colegas veteranos irá auxiliar o aprendizado da prática cirurgia.

Também deve lembrar-se de ser humilde o suficiente para reconhecer seus próprios erros e aceitar ajuda sem se fazer de arrogante, afinal, o que está em jogo é o bem estar do paciente. Não é raro que, por medo ou vergonha, alguns jovens tentem esconder seu insucesso, porém, aqui se deve deixar a vaidade de lado e respeitar o bem estar do paciente.

Quando existe um grupo de médicos muito heterogêneo, existe uma maior diversidade de relacionamento, e desse modo, a inter-relação deve sim ser aprimorada mais rápido possível, de modo a poder se conviver com tranquilidade e harmonia.

Por fim, saber reconhecer as próprias limitações e manter cordialidade entre os colegas respeitando a hierarquia.

Fonte: Revista Plastiko’s, ed. 215 – Abr/Mai/Jun 2018

Francesco Mazzarone

Mestre em Avaliação pela Fundação Cesgranrio. Pós-Graduação em Cirurgia Plástica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1988) sob Orientação do Prof. Ivo Pitanguy, Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Atualmente é presidente do Instituto Ivo Pitanguy e coordenador do curso de pós-graduação em cirurgia plástica da PUC-RJ. Membro da banca examinadora do Instituto Ivo Pitanguy, membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, membro efetivo da Associação dos Ex Alunos do Prof. Ivo Pitanguy (AExPI), membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro titular da Federação Ibero Latino-americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutora e cirurgião plástico do Instituto Ivo Pitanguy.

Cirurgia de Enxaqueca

By Notícias

Por Dr. Paolo Rubez Rocha

Ano de 1999, na cidade de Cleveland nos Estados Unidos da América, quando algumas pacientes do Dr. Bahman Guyuron, professor emérito de cirurgia plástica da Case Western University, relataram espontaneamente a ele que apresentaram melhora dos quadros de enxaqueca (migrânea) após serem submetidas à cirurgia estética de videoendoscopia para o terço superior da face.

Estes relatos o motivaram a pesquisar se este fenômeno era uma coincidência ou se de fato havia alguma associação. O primeiro trabalho que se seguiu foi um estudo retrospectivo com 249 pacientes operadas previamente para rejuvenescimento do terço superior da face. Destas pacientes, 39 apresentavam enxaqueca antes da cirurgia e 31 delas relataram eliminação completa ou melhora significativa (mais de 50%) de suas crises no pós-operatório.

A partir de então a equipe do Dr. Guyuron, com a participação de neurologistas, desenvolveu estudos prospectivos para comprovação da eficácia da cirurgia para o tratamento da enxaqueca. Com o seguimento das pesquisas, foram identificados, a partir da dúvida proveniente da clínica, diversos nervos sensitivos na região frontal, rinogênica, temporal e occipital que estariam relacionados ao desenvolvimento das crises de enxaqueca.

Dezenas de estudos em cadáver puderam identificar estes nervos sensitivos potencialmente envolvidos nos quadros de dor. Foram mapeados, ao longo de seus trajetos, pontos de compressão pelas estruturas anatômicas ao seu redor como músculos, fáscias, artérias e ossos que promovem a “irritação” dos nervos com a subsequente liberação de substância P e neurotransmissores que deflagram a cascata de eventos das crises de migrânea.

Com a identificação dos nervos envolvidos, Dr. Guyuron desenvolveu técnicas cirúrgicas específicas para o acesso e tratamento de cada um deles, com o objetivo de descomprimí-los ou realizar neurotomia. Hoje, existem 6 diferentes tipos de cirurgia, a depender de qual nervo está envolvido no quadro de dor dos pacientes, que podem ser :  nervos supra-orbital e supra-troclear, ramo aurículo-temporal do trigêmeo, ramo zigomático-temporal do trigêmeo, ramos terminais do trigêmeo para a mucosa nasal, nervo occipital menor, occipital maior e terceiro occipital.

A região frontal é tratada por via transpalpebral, com incisão semelhante à da blefaroplastia, ou por videoendoscopia. As regiões temporais são abordadas por incisões pequenas, em torno de 1,5 cm e alguns casos também podem ser feitas por vídeo. Os nervos occipitais são abordados por incisões diretas e que ficam no couro cabeludo. A migrânea de origem rinogênica é tratada por via endonasal. As cicatrizes ficam, portanto, pouco perceptíveis e as vias de acesso e manipulação das estruturas evidenciam a indicação do cirurgião plástico para os procedimentos.

Em 2005 Guyuron e sua equipe publicaram um estudo prospectivo com randomização entre um grupo tratado e um controle sem cirurgia, envolvendo no total 125 pacientes. Do grupo tratado 92% dos pacientes obtiveram sucesso com a cirurgia, sendo que 35% apresentaram eliminação completa dos quadros de enxaqueca. Nos trabalhos científicos sobre a cirurgia de enxaqueca o sucesso do procedimento é definido como uma melhora de no mínimo 50% na intensidade, duração e frequência das crises. Este mesmo grupo de pacientes foi acompanhado por 5 anos e, em nova publicação de 2011, comprovou-se a manutenção da melhora dos pacientes operados.

Figura 1. Abordagem dos nervos supra-troclear e supra-orbital.

Figura 2. Nervos Aurículo-Temporal e Zigomático-Temporal, ramos do Trigêmeo.

Figura 3. Nervo Occipital Maior e alguns pontos de compressão.

Um dos trabalhos mais importantes sobre a cirurgia de enxaqueca publicados até hoje é o ensaio clínico randomizado com cirurgia sham. Cirurgia sham corresponde ao procedimento em que o paciente sofre abordagem cirúrgica, porém, as estruturas não são tratadas. É o modelo ideal para se afastar o efeito placebo de um procedimento. Os pacientes neste estudo de Guyuron foram, portanto, randomizados em grupo tratado e um grupo controle de cirurgia sham. Ao final do seguimento de 1 ano, o grupo tratado obteve resultados muito superiores, com 57,1 % apresentando eliminação completa dos sintomas.

A cirurgia de enxaqueca é hoje realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento. No Brasil, ela vem sendo realizada desde 2016 em São Paulo, com resultados positivos, e também dentro de protocolos de pesquisa na Disciplina de Cirurgia Plástica da  UNIFESP.

A principal indicação para os procedimentos são pacientes com migrânea crônica que não apresentam resultados positivos com os tratamentos clínicos. Parte dos pacientes pode não responder às medicações e parte deles, devido aos efeitos colaterais limitantes, não consegue manter o tratamento. Vale ressaltar que nenhuma das medicações hoje disponíveis para enxaqueca é específica para a doença, sendo utilizados como preventivos alguns anti-hipertensivos, anti-depressivos e anti-psicóticos, além da toxina botulínica.

A cirurgia de enxaqueca, através de todas as publicações científicas e expansão entre os cirurgiões plásticos ao redor do mundo, se mostra como alternativa eficaz para o tratamento deste grupo de pacientes e como importante área de atuação dentro da especialidade.

Fonte: Revista Plastiko’s, ed. 215 – Abr/Mai/Jun 2018

Dr. Paolo Rubez Rocha

Membro Titular
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Você sabe o que é vibrolipo?

By Notícias

A vibrolipo, ou vibrolipoaspiração, é uma técnica de lipoaspiração onde um dispositivo (elétrico ou mecânico) irá auxiliar o processo de retirada da gordura corporal.

Por SBCP

Neste caso, o aparelho gera um movimento de vaivém de cânulas finas , extremamente rápido, motivo pelo qual a técnica recebeu este nome.

A técnica surgiu principalmente para trazer mais conforto para o médico, diminuindo o esforço necessário para movimentar a cânula durante a cirurgia, facilitando a retirada de gordura. Esta ajuda é especialmente importante nos casos de lipoaspiração secundária (quando o paciente já fez uma lipoaspiração anteriormente) e o corpo pode formar áreas com fibrose, que dificultam consideravelmente a retirada de gordura.

Existem ainda outros aparelhos mais recentes desenvolvidos para o tratamento do contorno corporal, como a lipoaspiração ultrassónica, que emite estas ondas através de uma cânula para emulsificar (quebrar) a gordura, e a lipoaspiração com laser, que usa a energia luminosa de uma fibra óptica para “derreter” os lóbulos de gordura.

Devemos saber, entretanto, que bons resultados pós-operatórios podem ser alcançados com a qualquer técnica  bem executada de lipoaspiração, sendo o uso destes dispositivos uma ferramenta facilitadora para o profissional. Apesar de ser uma cirurgia amplamente divulgada nas mídias sociais e dos vários métodos e tecnologias disponíveis hoje em dia, o fator mais importante para o sucesso e a segurança do procedimento continua sendo a habilidade do cirurgião plástico especialista, membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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